quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Os Reis Magos


“Um grupo de pessoas da Ribeira Seca, representando os Magos com suas comitivas, vieram trazer à Matriz desta Vila várias ofertas.Tanto no Largo Bento de Goes, onde deitou fala uma das figuras representativas, como em volta da Matriz, reuniu-se uma enorme multidão.”
(O Autonómico, 9/Jan/1937)


Esta foi a primeira notícia que encontramos nos jornais, referente ao cortejo dos Reis Magos que se realiza no lugar da Ribeira Seca, em Vila Franca do Campo.

Embora não se tenha a certeza acerca da autoria dos versos que são declamados pelos diversos figurantes, tudo leva a crer que sejam da lavra do João Jacinto Januário, improvisador local.

Terão sido pioneiros dos primeiros cortejos realizados na Ribeira Seca, entre outros, os senhores João Jacinto Januário, Virginio Branco, Manuel Caetano Ventura (Manuel Libório), José Nicolau, José de Andrade, João de Andrade e António Couto.

O texto da Embaixada, com o qual os Amigos dos Açores editaram uma brochura, foi copiado, na íntegra, de umas folhas soltas pertencentes ao senhor José da Costa Bolarinho, antigo barbeiro da localidade, e algumas das estrofes que faltavam foram recitadas por Manuel de Andrade, um dos participantes numa das últimas embaixadas realizadas na década de setenta.

Quando saiu à rua, antes de um interregno de vinte e cinco anos, em 1973, eram figurantes, entre outros, os seguintes senhores: Manuel da Costa Esteves, António Jardim, António Andrade, José Fernando Andrade, Artur Bolota, José Agostinho Ventura.

Na altura, o jornal “A Vila”, publicado no dia 6 de Janeiro, noticiava o evento nos seguintes termos:
“Amanhã, pelas 20 horas, descerá da laboriosa Ribeira Seca, desta Vila, um curioso cortejo dos Reis que trará até à Igreja Matriz as ofertas da boa e generosa gente daquela localidade.
Precedido de uma estrela, firmada por uma criança em figura de anjo, o cortejo vindo das bandas da Calçada, deter-se-à junto do antigo Convento de Santo António, no Largo Bento de Góis, que figurará, para o, efeito, o palácio de Herodes.
Prosseguindo o seu caminho, o extenso cortejo dirigir-se-á para a Igreja Matriz pela rua Teófilo Braga, onde os Reis Magos, depois da fala do Embaixador, descerão dos cavalos e irão até junto do presépio entregar as suas ofertas ao Deus-Menino.
À saida do adro, surge, em montaria, um anjo a avisar os Magos do Oriente para não voltarem ao palácio de Herodes, devido às suas sinistras intenções.
Eis como a população da Ribeira Seca marca presença honrosa nesta quadra do Natal juntando-se, como se uma só família fosse, para trazer a sua generosa contribuição para as obras em que a sua paróquia anda empenhada, principalmente na construção do Salão Paroquial que nos parece ir entrar agora na fase final de acabamento.
O nosso aplauso para o povo da Ribeira Seca, pois, como é de ver não basta dizer-se que se gosta das coisas, sem contribuir para elas.

Bem haja tão boa gente.
Que Deus a ajude.”


Em 1998, depois de um quarto de século esquecida, a tradição foi retomada pelas mãos da juventude local organizada na associação “Jovens Unidos da Ribeira Seca”.

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