quarta-feira, 23 de junho de 2010
A Propósito do São João da Vila: alguns apontamentos
Na toponímia da Ribeira Seca de Vila Franca, há um local que é dedicado a São João, trata-se do chamado Redondo de São João, onde existe um nicho com uma imagem que, curiosamente, não é dedicada àquele santo, mas sim a Nossa Senhora da Conceição.
Relativamente perto do mesmo, localiza-se a Ermida de São João, que terá sobrevivido à destruição de Vila Franca do Campo pelo “terramoto” de 1522. Do outro lado da estrada, localizou-se uma antiga instalação militar, o Quartel de São João.
No dia 24 de Junho, alguns habitantes da Ribeira Seca costumavam deslocar-se para o Redondo de São João e aí confraternizavam e organizavam “balhos”.
Para além do mencionado, o dia de São João era festejado, com piqueniques e “balhos” na Lagoa do Congro, sendo o principal trajecto utilizado pelos moradores, que se deslocavam a pé, de cavalo ou de carros de bois, o mencionado por Manuel de Amaral Brum, em artigo publicado no jornal “A Vila”, em 1961, o seguinte: depois de percorrido o caminho do Mato, chegava-se à Terra Corrida, subia-se o Calvário, também chamado Outeiro da Terra Corrida, na Grota das Freiras, virava-se à direita em direcção ao Pauzinho de Água e andando um pouco mais chegava-se à cancela das casas da Lagoa do Congro. Hoje, parte deste trajecto já não se pode fazer, pois com a substituição dos cavalos pelos tractores e jipes, muitos caminhos foram abandonados.
Estas tradições foram desaparecendo, lentamente, de modo a que já na década de sessenta do século passado praticamente não existiam. Apenas permanecia o hábito de enfeitar as “fontes” nas casas particulares e os fontanários públicos, como o situado na rua da Palmeira e o que existia no Canto da Ponta Garça (Sul da Rua do Jogo).
Se não estou em erro, a Câmara Municipal de Vila Franca, na década de 70 do século passado, terá começado a organizar as festas de São João, concentrando as marchas no Campo de Jogos da Mãe de Deus. Esta iniciativa foi interrompida, de modo que em 1975 foi a Ribeira Seca que não deixou cair a devoção, a São João, no esquecimento. A prova do afirmado, está escrito no seguinte texto publicado no jornal “A Crença”, de 29 de Julho de 1975:
“Eis um dia que a tradição consagra ao santo Precursor com festejos e cantorias nesta nossa Vila, mas que este ano decorreu sem o entusiasmo dos anos transactos…
Contudo, quem salvou a honra da Terra foi o lugar da Ribeira Seca, graças à esforçada dedicação dos srs. Professores do Ensino Básico daquela localidade, que não se pouparam a canseiras esgotantes para levarem a efeito as brilhantes festas de S. João que realizaram no recreio da sua Escola com três vistosas marchas populares…”
E já que fizemos referência às Escolas, deixamos aqui um dos refrões da Marcha das Escolas da Ribeira Seca de 1992, que copiei de uma folha A4 que tem a seguinte referência “Dact. – V.S.”:
Lindas ruas enfeitadas,
As colchas dependuradas,
Nas janelas e varandas!...
Passam as marchas cantando,
Tão bonitas desfilando,
Vindo de todas as bandas!
Ribeira Seca serena,
Vem para a nossa verbena,
Trazendo animação.
Lá do alto vem o fogo,
E então o povo todo,
Dá vivas a São João.
Ribeira Seca, 5 de Junho de 2010
Teófilo Braga
Publicado no jornal “A Vila”, nº 408, 1 a 15 de Junho de 2010, p.7)
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