Furtar
mas com sustentabilidade
Sempre
que um cidadão ou organização pretende fazer passar uma dada mensagem (ou um
projeto), por mais estapafúrdia que seja, é hábito adjetivá-la como sendo
inclusiva, inovadora ou, como está na moda, sustentável.
Nos
últimos dias tomei conhecimento, através de pessoas amigas, que nem sempre os
ladrões são uns canalhas que não respeitam os legítimos proprietários que eles
fazem o favor de aliviar de alguns dos seus pertences.
Com
efeito, tem acontecido que os amigos do alheio conversam amenamente com os
roubados, fazem-lhes propostas e preocupam-se com os estragos causados. Neste
caso, a existir uma tipologia de furtos, sugiro que os dois casos que relatarei,
a seguir, sejam incluídos na categoria de furtos sustentáveis.
1- A
vaca ladra e a cadela cúmplice?
Ao
chegar a um terreno que possui numa freguesia da costa sul da ilha de São
Miguel, um amigo meu depara com um ínfimo cãozinho a sair do portão. Instantes
depois depara-se com o ladrar de uma cadela, cujo tamanho já impunha algum
respeito, furiosa a ladrar como se estivesse a proteger o seu (ou do seu dono)
território. Ao entrar na propriedade este meu amigo e um acompanhante
deparam-se com a presença de uma vaca que desconfiada estava a pastar no local,
uma quinta que está a ser recuperada.
A
observação de vestígios (não queria usar aqui a palavra bosta) por tudo quanto
era lado, em locais onde a vaca por si só não chegaria e a presença de ramos de
uma planta, cortados à navalha, levam a
concluir que o dono da vaca é que a introduziu na quinta, como o tem feito em
várias pastagens à revelia dos seus donos que se mantêm calados com medo de
represálias.
Cerca
de duas horas depois surge o dono da vaca e depois de ter percorrido todo o
terreno, sem ter qualquer autorização para tal, encontra o dono do mesmo, que
acompanhou todos os seus passos, e pergunta se aquele havia visto uma vaca
vermelha que desaparecera do seu curral, que por acaso é o leito de uma
ribeira. Perante a resposta do proprietário do terreno que informou que a vaca
depois de ter percorrido a quinta estava na mata, gentilmente perguntou, com o
rosto a transpirar preocupação, se a sua vaca havia causado algum estrago à
propriedade.
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