terça-feira, 21 de julho de 2015
Serra Devassa
Devassa
No último passado sábado, dia 18 de julho, um grupo de pedestrianistas efetuou o percurso pedestre da Serra Devassa, numa iniciativa da AVIPAA- Associação Vila-franquense de Proteção dos Animais e do Ambiente que contra ventos e marés vai persistindo na luta por um melhor ambiente para Vila Franca do Campo e por uns Açores melhores para todos.
O dia não era o ideal para a prática do pedestrianismo, o desporto dos que andam a pé, pois aliado a muito nevoeiro soprava algum vento que terá levado a que o grupo não fosse mais numeroso e a que outras iniciativas programadas para o mesmo local não se tivessem realizado.
Conhecemos a Serra Devassa há cerca de 30 anos e quase anualmente fazemos caminhadas naquela zona da ilha de São Miguel também denominada Maciço das Lagoas, por aí se localizar o maior número de lagoas da ilha de São Miguel, onde se destacam as seguintes: Canário, Carvão, Rasa, Pau Pique, Caldeirão Grande, Éguas Norte, Éguas Sul, Empadadas Norte e Empadadas Sul.
Um roteiro de um percurso pedestre na Serra Devassa muito semelhante ao que hoje é oficialmente recomendado foi editado pelos Amigos dos Açores- Associação Ecológica, em 1994, e já foi editado por diversas vezes, estando hoje esgotado e à espera de reedição.
Não terá sido por acaso, já que é um dos trilhos mais conhecidos e procurado por quem nos visita, que a 23 de Setembro do ano 2000, na Serra Devassa, foi realizada a abertura simbólica do primeiro percurso pedestre sinalizado dos Açores, que contou com a presença do Secretário Regional da Economia, Prof. Doutor Duarte Ponte.
Ao longo do percurso foi possível observarmos algumas espécies da nossa flora, com destaque para o feto-real, o queiró, a urze, a malfurada, o tomilho, o azevinho e o conchelo do mato, uma das orquídeas endémicas dos Açores. Também foi possível observarmos as quase sempre presentes criptomérias, azáleas e hortênsias, sobretudo nas margens das Lagoas Rasa e Empadadas.
As quase sempre presentes aves, naquele dia tinham procurado outras paragens mais abrigadas. Assim, não foi possível a observação, entre outras, das seguintes espécies mais habituais: touto ou toutinegra, tentilhão, alvéola, melro-negro, milhafre e garça-real.
No percurso, sobretudo junto há Lagoa Rasa continua a expandir-se o gigante, uma das plantas invasoras dos Açores, sem que ninguém faça o que deve ser feito, isto é, a sua erradicação.
Apesar das condições atmosféricas não serem as ideais ao longo do percurso fomos encontrando três grupos de caminheiros, um de nacionalidade portuguesa e dois de estrangeiros.
O primeiro grupo terá regressado mais cedo a casa, pois na impossibilidade de subir ao Pico das Éguas, o trilho alternativo não estava em condições de ser percorrido por falta de manutenção e os dois outros grupos encontravam-se perdidos, pois tendo deixado os carros junto à Lagoa do Canário não conseguiam encontrar o caminho de regresso, devido à falta de sinalização adequada do mesmo.
A situação em que se encontra este trilho, bem como a de muitos outros na ilha de São Miguel, são a prova de que não há uma política coerente de fomento da prática do pedestrianismo nos Açores e de que o que foi feito parece ter sido apenas pontual e devido ao impulso momentâneo de quem ocupou a cadeira do poder.
Numa altura em que cresce o número de turistas na ilha de São Miguel, onde é importante oferecer alternativas aos miradouros e a outros locais de “romaria” habituais, é imprescindível o alargamento da rede de percursos pedestres e garantir a manutenção dos trilhos existentes, incluindo aqui a sua adequada sinalização e o arranjo dos pisos para garantir que as pessoas os façam em segurança.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30685, 22 de julho de 2015, p. 14)
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