quinta-feira, 29 de junho de 2017
Faleceu ontem, 29 de junho, O professor EDUARDO CALISTO
Faleceu ontem, 29 de junho, O professor EDUARDO CALISTO
Eduardo Calisto Soares de Amaral nasceu, na Ribeira das Tainhas, a 13 de Outubro de 1936, tendo-se formado na Escola do Magistério Primário, de Ponta Delgada, em 1955, depois de ter frequentado a Escola Primária Masculina, da sua terra natal, o Externato de Vila Franca.
Professor do primeiro ciclo do ensino básico durante 37 anos, para além de ter lecionado na Ribeira Seca, foi docente nas seguintes escolas primárias: São Miguel, de Vila Franca do Campo, Porto Formoso, Água de Pau, Ponta Garça e Ribeira das Tainhas. Em simultâneo, durante 12 anos, foi professor no Externato de Vila Franca do Campo.
Amante do desporto, foi jogador de futebol e membro da Direção do Clube Desportivo de Vila Franca do Campo.
Foi, também, membro da Direção de Caixa Agrícola e pertenceu à Comissão de Festas do Bom Jesus da Pedra, durante 4 anos.
Na área do associativismo cultural, foi Presidente da Banda da Lealdade durante 6 anos. e fez parte do Grupo de Cantares “Vozes ao Luar”.
O professor Eduardo Calisto Soares de Amaral também tem dedicado a sua vida à escrita, tendo no âmbito do teatro si autor de três revistas, duas na Escola do Porto Formoso e uma na Escola da Ribeira Seca que foi exibida no final de um ano letivo. (Se não me falha a memória, 1965)
Ainda no que diz respeito à escrita, se se consultar os Jornais “A Vila” e “A Crença” constatar-se-á que da sua autoria existem muitas dezenas de textos publicados sobre o ensino, as viagens que fez, sobre como se vivia antigamente, as brincadeiras dos mais novos, as festas de São João, etc.
A 1 de Dezembro de 1966, fruto de um trabalho de uma equipa que o professor Eduardo Calisto Soares de Amaral soube coordenar, realizou-se a bênção do nicho dedicado a Nossa Senhora da Conceição e foi inaugurado um pequeno tanque de natação, a nossa piscina, que pelo seu ineditismo foi motivo de muita admiração. (Faço um aparte para mencionar os nomes dos restantes professores da escola naquela data: Adelaide Soares, Margarida Simas Borges, Claudete Marques, Válter Soares Ferreira e Octávio da Silva Costa).
Foi um dos elementos da equipa que liderada, pelo padre Lucindo Andrade, se responsabilizou pela montagem de um presépio movimentado, iniciado em 1967 com o objetivo de recolher fundos para a Igreja de São Pedro e que atraia, anualmente, milhares de pessoas ao concelho durante a época natalícia.
A abertura da escola à comunidade que já se iniciara nos últimos anos do antigo-regime, foi alargada, após o 25 de Abril de 1974. Com efeito, o professor Eduardo Calisto de Amaral, na qualidade de diretor da Escola da Ribeira Seca, foi pioneiro na abertura das instalações da mesma para a prática desportiva e recreativa dos jovens (que nem sempre souberam corresponder à confiança depositada). Assim, foi cedido, num dos alpendres fechados, um espaço para reuniões da Associação Desportiva e Cultural da Ribeira Seca, a primeira associação de juventude da localidade, que possuidora de uma chave da escola, abria-a e organizava jogos diversos com destaque para o futebol.
Respeitador das nossas tradições, empenhou-se na sua manutenção, tendo, em 1968, organizado a 1ª Marcha as Hortas e sido líder da Marcha da Ribeira Seca durante 30 anos.
Sendo fastidioso mencionar tudo o que o professor Eduardo Calisto de Amaral fez relacionado com as festas de São João, acrescento apenas que, em 1972 fez parte da equipa que organizou as festas em Vila Franca do Campo, em 1992 foi o autor da letra da Marcha da Ribeira Seca e em 2007 foi um dos responsáveis pela coreografia da Marcha da Rua.
Mas, para a Ribeira Seca o ponto alto foi em 1975. Vejamos o que disse o senhor Manuel Soares Ferreira sobre o assunto: “Em 1974, parou. Houve o 25 de Abril. Parou na vila, porque na escola da Ribeira Seca, o professor Calisto fez sempre a festa.”
Em 1975, no recreio da Escola da Ribeira Seca desfilaram três vistosas marchas populares, realizaram-se jogos de voleibol, entre jovens e adultos, e jogos de miniandebol com uma das equipas orientada pelo Emanuel Batista.
Foi também nesta altura, com a anuência do professor Eduardo Calisto de Amaral, que a Ribeira Seca teve vários autores e atores teatrais. Com efeito, por iniciativa de um grupo de habitantes foi ensaiada, na casa do Sr. Álvaro Sardinha, na Rua Nova, uma lição do Menino Tonecas em que os principais intérpretes foram o António José Pacheco, da Rua Nova, e o Eduardo Vicente, do Quartel de São João.
Estávamos muito longe dos currículos regionais, das áreas-escola ou de outras inovações e na Ribeira Seca já se faziam experiências pedagógicas que eram referência para as demais escolas. Assim para além da jardinagem, da criação de animais, menciono a realização durante cerca de 30 anos de uma visita de estudo anual para que as crianças contatassem com a realidade da ilha, nomeadamente instalações fabris e serviços diversos.
Mas, se todas estas realizações, que tiveram a mão e a coordenação do professor Eduardo Calisto de Amaral foram gigantescas, atendendo à dificuldades com que se vivia na época e ao facto da escola ser o único elemento dinamizador da cultura na localidade, só por si justificavam esta justa homenagem que tardou, não devemos esquecer a pessoa em si.
Diria que o professor Eduardo Calisto Amaral, pela maneira de ser, marcou profundamente os seus alunos e pela sua facilidade em se relacionar com os outros granjeou a simpatia da comunidade que tão bem soube servir. Mas, mais importante do que as minhas palavras aqui segue um dos vários depoimentos possíveis:
“ O sr. Calisto, este, de coração grande, mais que mestre era o Pai de todos nós; sempre de sorriso, a todos nos acolhia, ouvindo tudo com atenção, mesmo a queixa mais insignificante do aluno mais humilde” (Maria da Graça Flor de Lima, 15 de Junho de 1992).
A todos os familiares os nossos sentidos pêsames.
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