Um
dia destes encontrei uma bola no meu quintal, em Vila Franca do Campo, e
perguntei a uma vizinha se a mesma era do seu filho. A resposta foi afirmativa,
tendo a mesma mencionado que o mesmo havia dado um coice com muita força na
bola de modo que ela ultrapassou o muro que separa os dois quintais e acabou
por cair no meu.
Esta
conversa de circunstância levou-me a recordar a minha relação com o desporto,
nomeadamente com o voleibol e com o futebol.
Ao
longo dos tempos, a preferência pelas modalidades de desportos com bola foi-se
alterando. Assim, no século passado, pelo menos na sua primeira metade, o
voleibol era uma modalidade que atraia muitos adeptos, em Vila Franca do Campo,
onde existiam vários clubes, como o “São Miguel” e o “Ribeirense” da Ribeira
Seca, o “Pátria”, o “Esperança”, o “Casa do Povo”, o “Águia Azul”, o “Marítimo”
e o “Senhora da Vida”.
Na
localidade onde nasci, Ribeira Seca, existiram dois clubes, o “São Miguel” e o
Ribeirense. Este teve uma duração de cerca de quatro anos, possuía o seu campo
no início da Ribeira Nova e a direção esteve a cargo de Afonso Torres, Augusto
Luís e José Furtado Salema.
De
entre os jogadores do Ribeirense distinguiram-se: Caetano Ventura, Augusto
Luís, José de Amaral, Ângelo Furtado Lima, Teófilo Braga (meu pai), Manuel
Arsénio Moniz, António Teotónio, Urbano Furtado Lima, José Furtado Salema e
Manuel Furtado Salema.
Quando
frequentei o Externato de Vila Franca, no final da década de 60 e início da
década de 70 do século passado, o voleibol era para o meu professor de Educação
Física, o professor do 1º ciclo António dos Santos Botelho, a modalidade mais
ensinada e jogada. Como tinha pouca “habilidade” para qualquer tipo de
desporto, era, na maior parte das aulas, escolhido para fazer a contagem dos
pontos.
Nasci
e cresci na rua do Jogo e como o nome indica, durante a minha infância e
juventude, a rua, na altura de terra batida, era palco para diversas partidas
de futebol em que participava com os meus vizinhos e com outros rapazes da
localidade.
Se
não me falha a memória, da minha rua, apenas o meu irmão Daniel viria a ser
desportista federado, tendo jogado futebol no Vale Formoso, das Furnas, e no
Vasco da Gama, de Vila Franca do Campo.
Tal
como todos os outros rapazes, tinha as minhas preferências clubísticas: fui
adepto do Benfica, a nível nacional, e do Clube de Futebol Vasco da Gama, a
nível regional. Na altura, com exceção do Ângelo Luís e do Vitorino Furtado,
todos eramos benfiquistas e a grande maioria das pessoas, em toda a Ribeira
Seca, simpatizava com o Vasco da Gama.
Do
Vasco da Gama, recordo-me de jogadores que poderiam ter chegado longe no
futebol se o tempo em que praticaram a modalidade fosse outro. Assim, entre
outros, lembro-me do Balaia, do “Meio-Pote”, do “José da Amélia”, do “Catana”,
do Manuel “Pataquinho”, do Miguel São Pedro e dos irmãos “Cândido”, o Zeca, o
Duarte e o João de Brito.
Durante
alguns anos fui sócio do Vasco da Gama e cheguei, em 1980, a ser contatado para
me candidatar a presidente da sua direção, o que não veio a acontecer pois em
Outubro daquele ano, por motivos profissionais, fui a residir para a ilha
Terceira.
Contrariado,
mas por insistência do Chicharrino, António José Inácio, que foi árbitro
oficial de futebol, acabei por aceitar ser seu fiscal de linha num jogo
amigável de futebol entre o Águia, dos Arrifes e o Valformoso, das Furnas, num
desafio realizado no campo deste último.
Como
eram mais do que muitas as minhas dúvidas, a maior parte das vezes levantava a
bandeirola imediatamente após o árbitro ter assinalado a falta. Felizmente tudo
correu bem e os adeptos só repararam na minha matreirice poucos minutos antes
do jogo terminar.
Em
síntese, embora gostasse do futebol, nunca tratei a bola muito bem, ou melhor
se para quase todos ela era “redonda” para mim sempre se aproximou mais de um “quadrado”.
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, nº 27227, 5 de Setembro de 2012, p.15)
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