terça-feira, 8 de setembro de 2015

Livrarias e livros


Livrarias e livros

Todos os anos no Verão, sempre que é possível, saio da ilha e durante um curto período de férias visito alguns locais desconhecidos, mas nunca me esqueço de visitar livrarias e alfarrabistas.

Depois de ter assistido ao desaparecimento de três livrarias, a do Diário de Notícias, localizada no Rossio, que havia sido fundada em 1938, a Portugal, localizada na rua do Carmo, fundada em 1941, e a Barateira, situada na rua Nova da Trindade, fundada em 1914, este ano pude constatar com satisfação que o espaço anteriormente ocupado pela Livraria Sá da Costa, localizada na Rua Garrett, no Chiado, que havia encerrado a sua atividade comercial a 20 de julho de 2013, 100 anos e quarenta dias após ter sido criada, continua aberto e a vender livros.

No ano passado, para contentamento de todos os que valorizam a leitura e os livros, a Livraria Sá da Costa reabriu como alfarrabista, possuindo no seu espólio uma grande quantidade de livros e revistas à disposição de todos os interessados.

Durante a visita ao espaço, pudemos constatar o referido anteriormente e verificar que há também espaço para muitas publicações sobre os Açores. A título de exemplo, vi, entre outros, os livros “O arcano da Ribeira Grande”, sobre a vida e a obra de Madre Margarida Isabel do Apocalipse, e “Moinhos da ribeira Grande”, ambos da autoria do Dr. Mário Moura.

Aproveitei a visita para adquirir um livrinho sobre a Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934, editado em Agosto de 1974, pelo Grupo Autónomo do Partido Socialista, e o número 17 da revista História, relativa ao mês de março de 1980, a qual, entre outros textos, traz um intitulado “Vulcões e sismos nos Açores, da autoria de Luciano R. Mota Vieira.

Este ano, pela primeira vez, visitei o “Espaço Ulmeiro”, localizado na avenida do Uruguai, que é uma livraria alfarrabista criada em 1969 e que possui um acervo generalista. O Espaço Ulmeiro é também muito conhecido pela sua mascote, o gato Salvador que “é figura pública na zona de Benfica”.

Na livraria é possível encontrar um pouco de quase tudo, tendo chamado a minha atenção jornais e revistas bem como alguns livros editados nos primeiros anos a seguir ao 25 de abril de 1974 cuja existência era para mim desconhecida.

No Espaço Ulmeiro adquiri a História de Portugal de Oliveira Martins e “Um ilustre penafidelense”, editado pela Câmara Municipal de Penafiel, em 1982. A aquisição deste último livro deveu-se ao facto de continuar a investigar a vida e a obra de Alice Moderno e, como é sabido, Joaquim de Araújo foi seu namorado, tendo também mantido correspondência com outros dois ilustres açorianos, Teófilo Braga, escritor e presidente da República Portuguesa e Antero de Quental, filósofo e poeta.

Joaquim de Araújo foi também um estudioso e divulgador da obra de Luís de Camões, tendo, em 1896, sido o editor de um soneto de Gaspar Frutuoso sobre o autor dos Lusíadas, cuja publicação foi “dedicada” ao casamento de D. Maria Guilhermina do Canto Brum, filha de José do Canto, com o Dr. Guilherme Poças Falcão.

Outra livraria/alfarrabista que visito sempre que me desloco a Lisboa é a Letra Livre, situada na calçada do Combro, que se define como uma “ pequena livraria, de livros novos e usados… especializada em literaturas de língua portuguesa e ciências humanas” e que dá destaque a diversas pequenas editoras independentes.

Este ano, entre outras aquisições, comprei “O movimento socialista em Portugal (1875-1934) de Maria Filomena Mónica, o número 67 da revista “Ler História” que inclui um dossier sobre as transformações culturais no pós 25 de abril de 1974 e uma coleção da revista “O Vegetariano”, mensário da Sociedade Vegetariana de Portugal, editado no Porto, que em todos os números relativos ao ano de 1914, publica um anúncio da, agora desprezada, Água da Lombadas, “água de mesa perfeitamente natural”.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30727, 9 de setembro de 2015, p.13)

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