segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Oa animais têm partido?
Os animais têm partido?
Foi com surpresa que, na manhã de 5 de outubro, tomei conhecimento de que a Assembleia da República passaria a contar com um deputado de um novo partido politico, o PAN – Pessoas-Animais- Natureza, eleito curiosamente no Dia do Animal.
Se a eleição do deputado do PAN é uma vitória para os atuais dirigentes, pois não há muito tempo houve grandes divergências no seu interior que culminaram com a saída de vários membros, entre os quais o seu presidente, o professor de filosofia da Universidade de Lisboa, Paulo Borges, é, também, uma esperança para muitos defensores dos animais e para as associações animalistas.
A eleição do engenheiro civil André Silva, também, pode ser uma indicação do crescente peso da causa animal na sociedade portuguesa que supera, em termos de envolvimento cívico, o movimento ecologista/amboentalista que nunca conseguiu eleger, autonomamente um representante seu na Assembleia da República.
Sobre este assunto, relembro que até ao surgimento do PAN que também se diz ecologista, os partidos desta área, isolados, nunca conseguiram eleger um deputado. Com efeito, o Partido Ecologista “Os Verdes” tem estado representado, na Assembleia da República, integrado na Coligação Democrática Unitária e o MPT- Movimento Partido da Terra esteve lá presente através dos deputados Pedro Quartim Graça e Luís Carloto Marques, eleitos em listas do PSD.
Embora o PAN, que foi legalizado a 13 de janeiro de 2011 e que inicialmente chamava-se PPA- Partido pelos Animais, pretenda unificar as diferentes causas explícitas na sua atual designação “Pessoas- Animais- Natureza”, é a proteção dos animais a que mais mobiliza os seus filiados e simpatizantes, tal como mobiliza em todo o mundo milhões de pessoas a título individual ou agrupadas nas mais diversas associações.
Se se fizesse um inquérito a perguntar aos militantes da causa animal quais as suas orientações políticas e/ou filiações partidárias, não tenho dúvidas de que as respostas levariam à conclusão de que há quem seja do centro, da direita ou da esquerda e de que as filiações abrangeriam todo o leque de organizações partidárias existente em Portugal e outros, se calhar a maioria, não pertencem a qualquer partido político.
Em termos de síntese, se há partidos, uns mais do que outros, que abraçam a causa da proteção dos animais, estes não têm partido, precisando da compaixão e respeito de todos.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30756,13 de outubro de 2015)
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