quarta-feira, 18 de maio de 2016

Motivações para maltratar um animal


Motivações para maltratar um animal

Quase todos os dias recebemos denúncias sobre animais chamados de companhia ou de produção que de uma forma ou de outra são alvo de crueldade por parte dos seus donos e não só. De igual modo, e com uma frequência quase igual, tomamos conhecimento de abandonos de animais pelas mais diversas razões.

No passado dia 13 de maio, assistimos a uma conversa na qual uma senhora, que havia sido intimada pelo SEPNA-GNR a colocar um chip no seu cão, dizia que ia ver se era possível colocá-lo num canil para ser mais barato e que se tal não fosse possível deixava o animal lá.

Face ao exposto, as autarquias têm de tomar medidas para penalizar todas as pessoas que por dá cá aquela palha deixam os seus animais “de estimação” nos canis.

Mas, o que leva as pessoas a tratarem com crueldade os animais?

Antes de citar dois autores que escreveram sobre o assunto, quero referir que uma das razões está na manutenção de algumas tradições que teimam em sobreviver aos avanços da ciência e da ética, como é caso das touradas.

Num texto intitulado “O desenvolvimento da crueldade para com os animais e humanos nas crianças”, da autoria de Mark Dadds e Cynthia Turner, da Universidade de Griffith, publicado na Revista Portuguesa de Pedagogia, no ano 2000, os autores citam nove motivações que justificam o comportamento cruel contra os animais, mencionadas por S Kellert e A. Felthous num texto datado de 1985.

Aqui vão elas:
- Motivação para controlar um animal, incluindo a motivação para “moldar o comportamento de um animal ou eliminar características indesejáveis do mesmo”;
- Retaliação contra um animal, por exemplo bater num animal pelo facto de ele ter feito algo de que não se gosta;
- Satisfação com o dano causado a uma espécie ou raça de que se não gosta;
- Expressão de agressividade através de um animal, esta diz respeito ao treino de animais para agredirem outros ou pessoas;
- Aperfeiçoar a agressividade de um animal;
- Valor do choque e do divertimento, por exemplo queimar um gato.
- Vingança ou retaliação contra outras pessoas através de maus tratos aos seus animais de estimação;
- A deslocação da hostilidade e agressividade de uma pessoa para um animal;
- O sadismo não-específico, abrangendo “o desejo de infligir danos, sofrimento, ou morte a um animal, na ausência de qualquer provocação ou sentimentos especialmente hostis em relação ao animal”, tendo como principal objetivo “o prazer que resulta de causar danos e sofrimento”.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30936, 18 de maio de 2016, p.14)

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