A
VONTADE DE ALICE MODERNO VAI SER RESPEITADA?
1-
O
bem-estar animal e o controlo das populações de animais errantes
Foi com muita
satisfação que recebi a notícia da aprovação, por maioria, pela Assembleia
Legislativa Regional dos Açores, no passado dia 10 de Dezembro, de uma
resolução que visa a promoção do bem-estar animal e o controlo das populações
de animais errantes.
Se estão de
parabéns todos os deputados que aprovaram a resolução, bem como todas as
entidades que emitiram os seus pareceres favoráveis, como o Clube dos Amigos e
Defensores do Património Cultural e Natural de Santa Maria e a APA- Associação
Açoriana de Proteção dos Animais, lamenta-se o silêncio, embora possa haver
justificações fortes para tal, de outras associações de proteção dos animais.
Embora
respeitável, já que todos têm direito à sua opinião, considero lastimável o
parecer da Delegação dos Açores da Ordem dos Médicos Veterinários, pois emite
opiniões sobre um texto treslido.
Não deixando de
ser extremamente positiva a aprovação da resolução, tenho sérias dúvidas acerca
da sua implementação já que há sempre alguém apostado em puxar para trás, em
tentar impedir a evolução das sociedades.
Não vou aqui
rebater os vários argumentos contra a resolução, apenas mencionei o dos custos
da implementação de uma política de não abate que é recomendada por várias
organizações internacionais.
Por acaso, já
alguém apresentou algum estudo com os custos do abate sistemático e da
incineração dos milhares de animais mortos nos canis, licenciados ou não, nas
diferentes ilhas dos Açores e que nunca pararão já que sem esterilizações os
animais continuarão a procriar-se?
Temos dúvidas se
o farão, pois o que é chique é fomentar o consumo, o usar e deitar fora e, no
caso em apreço, é comprar e oferecer animais pelas festas ou aniversários para
os abandonar à primeira oportunidade.
2-
Por
que razão aderi à causa animal?
Há
algum tempo, estou em crer que em jeito de brincadeira, alguém escreveu numa
conhecida rede social que não podia contar comigo pois eu era amigo dos animais
e não dos humanos.
Como
não tenho que dar provas de nada e como cada um tem a liberdade de escrever o
que lhe vai na alma, apenas aproveito para enumerar algumas razões que me motivam
a lutar pelos direitos dos animais e que são, em síntese, as seguintes:
1- Porque
ninguém sensível poderá ficar indiferente, no caso dos animais de companhia, à
barbaridade que consiste no abate, anualmente, de 100 mil animais em Portugal nos
canis municipais, resultado de compras irrefletidas, de adoções irresponsáveis,
de falta de compaixão e de políticas erradas;
2- Porque
não é incompatível o envolvimento na causa animal com a adesão a todas as
outras. Quem contribui com o seu trabalho voluntário ou monetariamente para a proteção
dos animais não está impedido de o fazer para outras causas, como o combate à
fome no mundo ou na nossa terra, o apoio aos idosos ou aos sem-abrigo, etc..
3- Porque,
como muito bem escreveu Alice Moderno, “Caridade não é apenas a que se exerce
de homem para homem: é a que abrange todos os seres da Criação, visto que a sua
qualidade de inferiores não lhes tira o direito aos mesmos sentimentos de
piedade e de justiça que prodigalizamos aos nossos semelhantes”.
4- Finalmente,
porque, como muito bem escreveu Álvaro Múnera, antigo toureiro colombiano que,
arrependido, passou a dedicar-se à defesa animal: “os animais vivem um absoluto
inferno por culpa do beneficiário de noventa e nove por cento das causas
existentes, o ser humano”.
Teófilo
Braga
(Correio
dos Açores, nº 2992, 9 de Janeiro de 2014, p.13)
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