terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Pastoureau e os animais célebres
Pastoureau e os animais célebres
O historiador Michel Pastoureau, nascido em 1947, é professor na Sorbonne, sendo conhecido em todo o mundo pelas suas obras sobre os mais diversos temas, com destaque para a heráldica. A sua obra foi reconhecida fora do seu país, tendo recebido um doutoramento, em 1996, pela Universidade de Lausana pelo seu radical contributo para diversas disciplinas.
Em 2001, Pastoureau escreveu um pequeno livro intitulado “Os animais célebres”, editado, em português, em 2005, pela editora brasileira Martins Fontes. Na sua obra, fez referência a quarenta animais, alguns que existiram realmente, outros referidos na Bíblia, na literatura ou na mitologia, etc., tendo destacado para cada um deles “tudo o que o estudo das relações entre o homem e o animal pode trazer para a história social, econômica, religiosa, cultural e simbólica”.
No seu livro, Pastoureau faz referência a dois santos, Santo Eustáquio e Santo Huberto, que curiosamente são os patronos dos caçadores.
Segundo ele a igreja, por muito tempo, foi inimiga de toda a forma de caça, considerando, a do veado um mal menor.
A propósito de santos e veados, podemos ler o seguinte:
“O santo é quase sempre a antítese do caçador nos relatos e sistemas de valores medievais, mas a hagiografia mostra que ao perseguir o veado, o caçador pode tornar-se santo”. Foi o caso de Santo Eustáquio e de Santo Huberto.
O primeiro foi celebrado no dia 20 de setembro de cada ano até que foi removido do calendário litúrgico, em 1969, pelo papa Paulo VI e o segundo é comemorado, cada vez menos, no dia 3 de Novembro, não sendo referido pelos calendários publicados nos Açores, como o “Almanaque Camponez” ou o “Almanaque Açoriano”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31125, 10 de janeiro de 2017, p.10)
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