terça-feira, 28 de junho de 2016

Médicos veterinários contra maus tratos aos animais


Médicos veterinários contra maus tratos aos animais

Foi com surpresa que tomei conhecimento de que no próximo dia 30 de junho, em Lisboa, vai ser apresentada publicamente a AVAT-Associação de Veterinários Abolicionistas da Tauromaquia.

Sendo a finalidade da referida associação o fim das touradas, até ao momento desconhece-se quais são os objetivos específicos da mesma, os meios que utilizará para atingi-los, bem como se já possui membros nos Açores.

A nível europeu há associações congéneres em Espanha, a AVATMA- Asociación de Veterinarios Abolicionistas de la Tauromaquia y del Maltrato Animal, e em França, o COVAC- Collectif des Vétérinaires pour l’Abolition de la Corrida que no passado dia 27 de maio deram a conhecer um Manifesto comum onde declaram a sua rejeição de todas as práticas taurinas sangrentas e condenam o sistema de exploração dos animais nas herdades onde são sujeitos a práticas contrárias às normas europeias relativas ao bem-estar animal. As duas associações mostraram estar empenhadas em trabalhar em conjunto para a abolição das touradas que consideram como um anacronismo no século XXI contrário ao código deontológico da profissão de veterinário.

Enquanto a associação francesa e talvez a portuguesa têm o seu âmbito limitado ao sofrimento animal ligado à tauromaquia, a associação espanhola alarga o seu âmbito a todas as práticas associadas a maus tratos a animais de qualquer espécie.

A AVATMA que é uma associação profissional aberta a licenciados e doutores em ciências veterinárias de todo o mundo tem, entre outros, os seguintes objetivos:

- Promover a investigação e a análise científica dos estudos veterinários promovidos pela indústria tauromáquica e elaborar e publicar estudos científicos próprios neste domínio e em qualquer outro onde há maus tratos a animais;

- Promover a participação, em debates públicos, de veterinários críticos das touradas e de todas as atividades que envolvem o abuso de animais.

O surgimento de uma nova organização não-governamental, sem fins lucrativos, é sempre bem-vindo e neste caso a sua importância é acrescida pois trata-se de enquadrar um grupo, o dos médicos veterinários, imprescindível no que diz respeito à defesa do bem-estar animal e dos direitos dos animais, já que aqueles poderão aliar os seus conhecimentos técnicos e científicos ao ativismo por uma causa que cada vez sensibiliza mais cidadãos.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30970, 28 de junho de 2016, p.16)

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