domingo, 31 de agosto de 2008

João Jacinto Januário


O cantador e improvisador popular João Jacinto Januário nasceu, viveu e faleceu na casa nº 3 situada no Caminho do Mato, na Ribeira Seca de Cima a 2 de Julho de 1896.

João Jacinto Januário que frequentou a escola onde cncluiu o 1º grau da instrução primária, veio a falecer a 25 de Março de 1962, com 66 anos incompletos. Desde muito novo “o Januário”, mostrou uma grande facilidade para a poesia, as suas quadras eram de um lirismo acentuado e por vezes de carácter humorístico, sobretudo nos desafios.

Como escreveia com facilidade foi muito procurado para escrever comédias, letras para fados e até canções regionais. De todo o seu labor muito pouco registado, temos conhecimento da existência de um opúsculo onde narra o fatídico acidente ocorrido nas Furnas, em Agosto de 1939, que vitimou o Dr. Arsénio Moniz Furtado. Entre 1960 e 1961, pela mão do senhor padre José Luís de Fraga, foram publicados no semanário “A Crença” oito trabalhos de temática religiosa e em 1985 a associação Amigos dos Açores editou uma brochura “Os Reis Magos”, com o texto integral do cortejo dos Reis Magos que lhe é atribuido.

Conhecido em toda a ilha de São Miguel, e fora dela, como um bom repentista, João Januário teve duros desafios com outros cantadores populares, como o Barbeiro, o Furtado, o Tenrinho,o Virgínio, o Charrua, o Ferreira das Bicas, o Bravo e a Trulu. Em 1934, foi à Terceira, juntamente com o Barbeiro, de Nordeste, o Vaçério, da Achada, e o Duarte, da Povoação, representar o Distrito de Ponta Delgada no torneio Artístico e Literário Açoriano, levado a efeito em Angra do Heroísmo pelo distinto escritor Gervásio Lima.

Reprimida por alguma legislação monárquica a poesia popular tem sido marginalizada por quem julga que o povo, muitas vezes sem qualquer preparação escolar, não tem capacidade para criar. De facto, para muitos dos poetas populares a sua grande escola foi a experiência da vida. É de José de Sousa Brasil, o Charrua, de quem João Januário era um grande admirador, a quadra que caracteriza a instrução recebida pela maioria dos cantadores:

Tive a enxada por caneta
Por lápis o alvião
Por papel a terra preta
Foi esta a minha instrução

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