sábado, 1 de novembro de 2008

ESTE ANO SALVE UM CAGARRO




As associações Amigos dos Açores e Amigos do Calhau proclamam, este ano, o dia 1 de Novembro como o dia do cagarro.

O Cagarro (*Calonectris diomedea borealis*) é uma ave marinha muito abundante nos Açores, e é nestas ilhas que esta espécie nidifica. No fim de Outubro os cagarros juvenis, ao atingirem a plumagem e o tamanho adulto, são abandonados nos ninhos pelos progenitores e, movidos pela fome, lançam‐se ao mar, enfrentando vários perigos. Vamos ajudar o cagarro a seguir a sua rota.
Este ano salve um cagarro!

*Como salvar um cagarro*

Se encontrar um cagarro ferido ou desorientado:

- Prepare uma caixa de papelão e faça-lhe alguns furos.

- Aproxime-se lentamente do cagarro, usando luvas;

- Com uma camisola, casaco ou manta cubra o cagarro;

- Apanhe o cagarro, segurando-o pelo pescoço e cauda;

- Coloque o cagarro na caixa de papelão;

- Mantenha-o na caixa durante a noite, em local tranquilo e escuro;

- Na manhã seguinte, dirija-se a um local perto do mar;

- Solte o cagarro, deixando-o pousado no chão e afaste-se do local;

- Ao fim de pouco tempo, o cagarro começará a voar e encontrará o seu caminho.

*Atenção:*

- Não alimente o cagarro, para que ele não se habitue;

- Não se aproxime da ave quando não sabe exactamente como proceder;

- Não segure a ave pelas asas, nem permita que ela abra as asas enquanto a manipula, pois esta ficará cada vez mais agitada;

- Não force a ave a ir para o mar, ela seguirá a sua viagem quando se sentir em condições.


No caso de querer participar alguma situação ou a localização de aves mortas pode ligar para:

- Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR) Da sua área de reisdência (296306350 ou 961196202 - Ilha de São Miguel)

- Serviço de Ambiente da sua área de residência (296 206 785)

- Amigos dos Açores - Associação Ecológica (296498004 ou 9699866372)

- Associação Amigos dos Calhau (919978026 ou 9699866372)

domingo, 7 de setembro de 2008

Filarmónica Lira Camponesa



A Filarmónica Lira Camponesa foi criada em Maio ou Junho de 1915, sendo um dos seus fundadores o senhor António de Medeiros Agostinho.

A primeira notícia que temos é do semanário vilfranquense “O Autonómico” que no dia 5 de Junho de 1915 publica a seguinte nota: “Vae por diante, e parece que com enthusiasmo, a sociedade philarmonica ha pouco creada na Ribeira Seca. É seu regente o sr. António da Silva”.

A primeira participação em festividades que temos conhecimento ocorreu durante as festas do senhor Bom Jesus da Pedra. Naquele ano, 1915, a Lira Camponesa fechou a procissãoe as filarmónicas União Fraternal, de Ponta Delgada, e Lealdade, de Vila Franca do Campo, seguiram após a imagem. Como curiosidade, registe-se a atitude pouco digna da União Progressista que, por não fechar a procissão, decidiu não participar nela.

Ainda em 1915, a Lira Camponesa participou nas procissões de Nossa Senhora da Piedade, em Ponta Garça, Nossa Senhora do Rosário, na Matriz de Vila Franca, e Imaculada Conceição, na Ribeira das Tainhas.

O ano de 1916 foi, pensamos, um ano de muita actividade para a Lira. Desde o dia 1 de Janeiro, em que foram cumprimentados os sócios, foi um nunca mais parar de actuações nas mais diversas manifestações religiosas realizadas em todo o concelho. Entre elas destacamos: a procissão dos Terceiros, a expensas da Ordem Terceira de São Francisco, a procissão dos Passos, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca, a procissão em honra de São Miguel Arcanjo, a procissão de Santo António, realizada na Igreja de São Francisco, a mudança do Senhor da Pedra, a procissão do Santíssimo Sacramento, em Água d’Alto e a de Nossa Senhora da Piedade, em Ponta Garça.

A partir de Setembro/Outubro de 1916, a Lira passou a ser regida “temporariamente” pelo sr. Manuel Victor d’Almeida, regente da Fanfarra Lealdade, situação que só foi resolvida um ano depois com a vinda da Ribeira Grande do sr. Herculano de Lima.

A 25 de Fevereiro de 1917, por ocasião da procissão dos Terceiros, a Lira Camponesa estreou alguns instrumentos novos, adquiridos com o produto de donativos até àquela data recolhidos. A iniciativa partiu do senhor António Ernesto da Costa San Pedro Esteves, seu “activo e zeloso director”, aspirante de Finanças em Vila Franca do Campo.

Foi a 1 de Julho de 1917 que a Lira actuou, pela primeira vez, fora do concelho. A sída foi para a Lomba da Maia e com o objectivo de ir acompanhar uma coroação do Divino Espírito Santo.

Solucionado o problema da regência, que levou a Direcção da Filarmónica a suspender a cobrança de quotas por dois meses, nos fins de 1917, em 1918 a Lira voltou a ter um ano pleno de actividades, como podemos concluir através da leitura dos três extractos do “Autonómico” que abaixo se transcreve:

“A philarmonica “Lyra Camponeza” da Ribeira Secca, no dia de S.João foi à Lomba da Maia assistir ao festejo d’ um “Imperio”, indo novamente lá no domingo ultimo. A mesma philarmonica vae caindo muito no agrado do publico pelo seu progresso, pontualidade e bom porte dos respectivos socios tocantes” (O Autonomico, 6 de Julho de 1918)

“Aquando da festa de Santo António realizada (domingo) na igreja de S. Francisco e de tarde, durante a procissão, a “Lyra Camponeza” estreou “uns bonnets de muito bom gosto e que andaram por cerca de 200$000 reis” (O Autonomico, 20 de Julho de 1918)

“Está contractada para ir tocar nas festas da Senhora dos Anjos em Agua de Pau, nos dias 14,15 e 16 do corrente, a philarmonica “Lyra Camponeza”, que cada dia progride mais e melhores sympatias vae conquistando” (O Autonomico, 3 de Agosto de 1918)

O ano de 1919 foi marcado, no início, pela substituição, na Direcção da Lira, do sr. António Ernesto da Costa San Pedro Esteves pelo sr. José Furtado Pacheco, pela chegada, em Abril, de uns novos instrumentos, e presumivelmente pela substituição na regência do sr. Herculano Lima pelo sr. Fortunato Soares de Lima, que em Junho ou Julho foi nomeado “proposto do Thesoureiro de Finanças do nosso Concelho”.

1920 foi um ano rotineiro na actividade da filarmónica, não havendo nada a registar, para além das participações em diversas procissões realizadas no concelho.

Em 1921 regista-se a realização, em Abril, de dois espectáculos em benefício da filarmónica, no Salão Orion.

O primeiro foi “um espectáculo de variedades, que constou de música, monologos, scenas cómicas e cançonetas, estando a casa à cunha e reinando sempre nela a melhor ordem e animação. Tomaram parte nelle a beneficiada, o seu habil regente (Fortunato Alvaro de Lima), os srs. Francisco Botelho Costa, Manuel Francisco d’Almeida, José Pacheco do canto, Félix Dias, o menino Joaquim de Melo e as meninas Ignez d’Andrade, Natalia Medeiros e Clotilde da Costa, sendo todos muito aplaudidos no desempenho dos seus papéis” ( O Autonómico, 9 de Abril de 1921). O segundo constou de uma comédia intitulada “Ouro sobre Azul”.

Em 1922, no dia de Ano Novo, por motivo de doença do seu regente e ao contrário do que era costume, a Lira viu-se impossibilitada de cumprimentar os seus sócios contribuintes. Naquele ano, a Lira participou, entre outras, nas seguintes festividades: Senhor dos Passos, em Ponta Garça, procissão dos enfermos em Vila Franaca, nos festejos do Senhor da Pedra e cumprimentou, em Agosto, o novo médico, Dr. Augusto Botelho Simas e o senhor João Bento dos Reis, aquando da sua nomeação como contador.

Após prolongada doença, devido à qual foi obrigado a deslocar-se a Lisboa a fim de se submeter a uma operação cirúrgica, o sr. Fortunato Álvaro de Lima deixa, em Julho de 1923, a regência da Lira. O Autonómico comentava a notícia do seguinte modo: “É pena, pois aquella corporação desempenhava-se bem e prestava bons serviços”.

Desconhece-se o nome do seu substituto, mas sabe-se que a Lira teve vários regentes militares, um deles, segundo o sr. Manuel Medeiros Bolota que residiu na rua da Palmeira, tinha apelido Castro e terá trazido consigo o barítono, muito conhecido em Vila Franca, de nome Salvador. Ao Castro que partiu para África sucedeu um de apelido Costa que se encontrava de “castigo” a prestar serviço militar no Nordeste.

A partir de 1923, a sua actividade diminuiu de modo que, para além da participação habitual nas festividades realizadas no oncelho, destaca-se apenas a sua ida à Ribeira Grande, a 4 de Setembro de 1927, para tocar na procissão do Coração de Jesus.

Em 1928, ano em que encerrou as suas actividades, a Lira teve uma actuação brilhante durante as festas do Senhor Bom Jesus da Pedra. Na ocasião a Lira apresentou , um excelente programa que mereceu o seguinte comentário:
“A briosa direcção da Lyra Camponeza tambem merece n’esta altura os nossos maiores louvores pela tenacidade com que procurou remover os grandes obstáculos que impediam aquella philarmonica de abrilhantar as nossas principais festas. Honrou-se asim, muito ao patriotico povo da Ribeira Secca e à nossa terra” ( O Autonomico, 8 de Setembro de 1928)

Relativamente às suas sedes, a Lira teve três: uma na Rua da Cruz à Ribeira, até muito recentemente moradia de José da Costa Bolarinho, outra na Rua da Palmeira, que pertenceu a Maria José “Branquinha” e, por último, na Rua da Cruz, numa casa que pertenceu a Berta Simões (do Capitão).

Outras curiosidades que me foram contadas pelo sr. Manuel Medeiros Bolota dizem respeito à farda, ao local de ensaio e ao chamamento para os enterros. Assim, segundo a referida fonte, uma das fardas da filarmónica era toda branca com boné azul ferrete, que no Verão era substituido por um branco.O mestre ensinava a marcar o passo na estrada, no local denominado por São João, deslocando-se depois para o centro da Ribeira Seca de “char-à-bancs” ou de burro com andilhas. Quando havia algum enterro e como os músicos eram, na sua maioria, camponeses, o mestre ia chamá-los, deslocando-se para um ponto alto (Eira) onde com um cornetim tocava o “toque de chamada”.

Por último aqui se apresenta uma lista, ainda que incompleta, de músicos da Lira Camponesa:
- José da Costa Branco (Libata)- pratos
- José de Medeiros Agostinho – baixo
- José de Medeiros (Zurrão)- baixo
- António Furtado Garoupa- cornetim
- Manuel Medeiros Bolota- clarinete
- João (Carqueija)- requinta
- Jacinto Furtado Vinhateiro (Maninho)- bombo
- Manuel do Rego- trombone
- António Carreiro Eugénio (Capitoa)- bombo
- Alfredo Cabral- barítono
- João carreiro eugénio (Machinho)- caixa
- Manuel Martins- clarinete
- José Medeiros Bolota- cornetim
- João Medeiros Bolota- caixa
- João Lima Carvalho- clarinete
- António Furtado Braga- clarinete
- José Braga- trompa
- Manuel Carreiro Eugénio- barítono
- Alfredo (Moleque) do Canto- trmbone
- João da Mota Botelho- cornetim
- José do Couto- clarinete
- José de Agostinho- clarinete
- José Miguel- clarinete
- José de Sousa Arruda- clarinete

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Os Reis Magos


“Um grupo de pessoas da Ribeira Seca, representando os Magos com suas comitivas, vieram trazer à Matriz desta Vila várias ofertas.Tanto no Largo Bento de Goes, onde deitou fala uma das figuras representativas, como em volta da Matriz, reuniu-se uma enorme multidão.”
(O Autonómico, 9/Jan/1937)


Esta foi a primeira notícia que encontramos nos jornais, referente ao cortejo dos Reis Magos que se realiza no lugar da Ribeira Seca, em Vila Franca do Campo.

Embora não se tenha a certeza acerca da autoria dos versos que são declamados pelos diversos figurantes, tudo leva a crer que sejam da lavra do João Jacinto Januário, improvisador local.

Terão sido pioneiros dos primeiros cortejos realizados na Ribeira Seca, entre outros, os senhores João Jacinto Januário, Virginio Branco, Manuel Caetano Ventura (Manuel Libório), José Nicolau, José de Andrade, João de Andrade e António Couto.

O texto da Embaixada, com o qual os Amigos dos Açores editaram uma brochura, foi copiado, na íntegra, de umas folhas soltas pertencentes ao senhor José da Costa Bolarinho, antigo barbeiro da localidade, e algumas das estrofes que faltavam foram recitadas por Manuel de Andrade, um dos participantes numa das últimas embaixadas realizadas na década de setenta.

Quando saiu à rua, antes de um interregno de vinte e cinco anos, em 1973, eram figurantes, entre outros, os seguintes senhores: Manuel da Costa Esteves, António Jardim, António Andrade, José Fernando Andrade, Artur Bolota, José Agostinho Ventura.

Na altura, o jornal “A Vila”, publicado no dia 6 de Janeiro, noticiava o evento nos seguintes termos:
“Amanhã, pelas 20 horas, descerá da laboriosa Ribeira Seca, desta Vila, um curioso cortejo dos Reis que trará até à Igreja Matriz as ofertas da boa e generosa gente daquela localidade.
Precedido de uma estrela, firmada por uma criança em figura de anjo, o cortejo vindo das bandas da Calçada, deter-se-à junto do antigo Convento de Santo António, no Largo Bento de Góis, que figurará, para o, efeito, o palácio de Herodes.
Prosseguindo o seu caminho, o extenso cortejo dirigir-se-á para a Igreja Matriz pela rua Teófilo Braga, onde os Reis Magos, depois da fala do Embaixador, descerão dos cavalos e irão até junto do presépio entregar as suas ofertas ao Deus-Menino.
À saida do adro, surge, em montaria, um anjo a avisar os Magos do Oriente para não voltarem ao palácio de Herodes, devido às suas sinistras intenções.
Eis como a população da Ribeira Seca marca presença honrosa nesta quadra do Natal juntando-se, como se uma só família fosse, para trazer a sua generosa contribuição para as obras em que a sua paróquia anda empenhada, principalmente na construção do Salão Paroquial que nos parece ir entrar agora na fase final de acabamento.
O nosso aplauso para o povo da Ribeira Seca, pois, como é de ver não basta dizer-se que se gosta das coisas, sem contribuir para elas.

Bem haja tão boa gente.
Que Deus a ajude.”


Em 1998, depois de um quarto de século esquecida, a tradição foi retomada pelas mãos da juventude local organizada na associação “Jovens Unidos da Ribeira Seca”.

Reconstrução da histórica Ermida de São João

Abaixo, insiro dois recortes do jornal "A Vila", com um texto sobre a Ermida de São João.





(para uma melhor leitura deverá clicar sobre cada um dos recortes)

domingo, 31 de agosto de 2008

João Jacinto Januário


O cantador e improvisador popular João Jacinto Januário nasceu, viveu e faleceu na casa nº 3 situada no Caminho do Mato, na Ribeira Seca de Cima a 2 de Julho de 1896.

João Jacinto Januário que frequentou a escola onde cncluiu o 1º grau da instrução primária, veio a falecer a 25 de Março de 1962, com 66 anos incompletos. Desde muito novo “o Januário”, mostrou uma grande facilidade para a poesia, as suas quadras eram de um lirismo acentuado e por vezes de carácter humorístico, sobretudo nos desafios.

Como escreveia com facilidade foi muito procurado para escrever comédias, letras para fados e até canções regionais. De todo o seu labor muito pouco registado, temos conhecimento da existência de um opúsculo onde narra o fatídico acidente ocorrido nas Furnas, em Agosto de 1939, que vitimou o Dr. Arsénio Moniz Furtado. Entre 1960 e 1961, pela mão do senhor padre José Luís de Fraga, foram publicados no semanário “A Crença” oito trabalhos de temática religiosa e em 1985 a associação Amigos dos Açores editou uma brochura “Os Reis Magos”, com o texto integral do cortejo dos Reis Magos que lhe é atribuido.

Conhecido em toda a ilha de São Miguel, e fora dela, como um bom repentista, João Januário teve duros desafios com outros cantadores populares, como o Barbeiro, o Furtado, o Tenrinho,o Virgínio, o Charrua, o Ferreira das Bicas, o Bravo e a Trulu. Em 1934, foi à Terceira, juntamente com o Barbeiro, de Nordeste, o Vaçério, da Achada, e o Duarte, da Povoação, representar o Distrito de Ponta Delgada no torneio Artístico e Literário Açoriano, levado a efeito em Angra do Heroísmo pelo distinto escritor Gervásio Lima.

Reprimida por alguma legislação monárquica a poesia popular tem sido marginalizada por quem julga que o povo, muitas vezes sem qualquer preparação escolar, não tem capacidade para criar. De facto, para muitos dos poetas populares a sua grande escola foi a experiência da vida. É de José de Sousa Brasil, o Charrua, de quem João Januário era um grande admirador, a quadra que caracteriza a instrução recebida pela maioria dos cantadores:

Tive a enxada por caneta
Por lápis o alvião
Por papel a terra preta
Foi esta a minha instrução

sábado, 23 de agosto de 2008

Mamar as Vacas

Embora referente à realidade dos Arrifes, o texto que abaixo apresento da autoria de Manuel Inácio de Melo aplica-se à Ribeira Seca de 1973 e de antes.


(Clicar na imagem para a ver maior)

Eu mesmo observei o que Manuel Inácio de Melo descreve na Ribeira Seca e também bebi, em criança, leite de vaca acabadinho de ser ordenhado. Dizia-se que fazia bem à bronquite.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Caminho da Passagem, Público ou Privado?


Quando era criança/jovem lembro-me de várias vezes, na companhia de amigos, ou na ida/regresso do Sanguinal passar por este caminho que depois passou a ser interdito ao público quando um ilustre cidadão de Vila Franca do Campo adquiriu alguns terrenos, tendo instalado, logo a seguir à propriedade do Sr. Augusto Mansinho, um portão.

sábado, 9 de agosto de 2008

O abastecimento de água




Desde o povoamento e durante muitos anos após este, os habitantes da Ribeira Seca serviam-se da água da ribeira que atravessa a localidade para seu abastecimento.

A utilização da água com aquela proveniência gerava conflitos de interesses entre os habitantes pois alguns deles, segundo uma correição de 10 de Junho de 1661, lançavam imundices e lavavam tripas na ribeira.

O primeiro fontanário terá sido construído, no final do ano de 1905, na Rua da Cruz. Em 1929, os moradores da localidade queixavam-se que o hábito de dar de beber ao gado no tanque situado naquela rua incomodava as pessoas que ali iam buscar água e contribuía para dar um mau aspecto ao local.

Em 1933, por iniciativa da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo e auxílio dos habitantes da Ribeira Seca , construiu-se um fontanário na Rua Nova.

O abastecimento de água ao domicílio só muito mais tarde é que se verificou. Assim, de acordo com as deliberações da Câmara Municipal tomadas na reunião realizada a 13 de Março de 1964, podemos concluir que foi naquele ano que ficou concluída a obra de abastecimento de água na Ribeira Seca, bem como no então lugar da Ribeira das Tainhas e na freguesia de Ponta Garça.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Voleibol


Na década de 30 do século XX, existiram na Ribeira Seca duas equipas de voleibol: O Ribeirense e o São Miguel.

Muito pouca informação pudemos recolher através da leitura dos órgãos de comunicação social que na altura se publicavam em Vila Franca. Assim, apenas consegui obter alguns dos resultados realizados entre o São Miguel e outras equipas do concelho, como o “Pátria”, o “Esperança”, da Ribeira das Tainhas, o “Casa do Povo, o “Águia Azul”, o “Marítimo” e o “Senhora da Vida”.

De acordo com informações colhidas na localidade, ficamos a saber que o campo de jogos do São Miguel situava-se na estrada nacional, onde hoje está uma Quinta pertencente ao senhor João Baptista e que um dos seus jogadores era o senhor José Santo Cristo Verdadeiro.

O outro clube, o Ribeirense, teve uma duração de cerca de 4 anos, possuía o seu campo no início da Ribeira Nova e a direcção estava a cargo de Afonso Torres, Augusto Luís e José Furtado Salema (Pelinha).

De entre os jogadores do Ribeirense destacaramm-se: Caetano Ventura, Augusto Luís, José de Amaral, Angelo Furtado Lima, Teófilo Braga, Manuel Arsénio Moniz, António Teotónio (Camelo), Urbano João Furtado Lima, José Furtado Salema e Manuel Furtado Salema.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Santo Antão



Procissão dos Santos que se dirigem da Sibeira Seca para Vila Franca do Campo para se integrarem na procissão de São Miguel. A primeira imagem é de Santo Antão padrono dos lavradores.
Esta imagem é de 1956.

sábado, 5 de julho de 2008

Vendedor de Leite




Esta é uma profissão de já acabou. Não me lembro de meu avô ir distribuir o leite em lojas para venda, recordo-me sim que a casa de minha avó iam duas famílias buscar o leite depois de tirado das vacas. Era a "tia" Maria Amaral que vivia com o seu irmão João Amaral, ambos cegos, e a "tia" Maria José "Maurício" que todos os dias iam buscar as "novenas" do leite.

No final da década de 60 início da década de 70 do século passado, lembro-me dos Sardinhas venderem leite, porta a porta, transportado por uma carroça puxada por um

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Enfermos 1990



Na imagem, relativa à rua do Jogo,podemos apreciar o cuidado que as pessoas tinham na construção dos tapetes de flores.

domingo, 22 de junho de 2008

Procissão de São Miguel- Santo Antão



Na fotografia reltiva à procissão de São Miguel,tirada no final da década de 50 início da de 60 do século passado, veja-se na Rua do Jogo, a imagem de Santo Antão. A segurar o andor, no lado direito está Conceição Pacheco, no esquerdo Maria do Carmo Pacheco.
Abaixada está a senhora Leopoldina Pacheco e uma das crianças é Teófilo Braga.

A lavoura na década de 50/60



Aspecto da Rua do Jogo, no final da década de 50/início da de 60 do século passado. Ainda se podem ver as valetas por onde corriam as águas pluviais e não só.

Vejam-se também os canados onde era transportado o leite e o cavalo que era o principal "meio de transporte" na altura.

Procisão dos Enfermos, final da década de 50



A imagem mostra-nos a rua do Jogo enfeitada para uma Procissão dos Enfermos, no final da década de 50 do século passado.

Ao centro está Teófilo Braga (1957-) e à porta da sua casa deverá estar a "tia Virgínia Pacheco".

domingo, 15 de junho de 2008

Malhar Feijão



Com o abandono da agricultura esta é uma prática que está a desaparecer. Na foto vê-se Ursulina Soares (1926-2008) a malhar feijão no Quintal da sua casa na Rua do Jogo, em Julho de 1998.

quinta-feira, 20 de março de 2008

PASSEIO PEDESTRE AO PICO DA VELA


No passado dia 12 de Setembro, a Associação Ecológica Amigos dos Açores promoveu um passeio pedestre ao Pico da Vela. Os participantes concentraram-se pelas 9h e 30 minutos na Estação de Camionagem de Vila Franca do Campo e um quarto de hora depois, partiram em caravana automóvel em direcção à Ribeira Seca. No Largo de São João tomaram a chamada estrada do Carreiro e dirigiram-se para o Sanguinhal, tendo estacionado as viaturas no local onde a estrada bifurca em duas direcções: uma rumo ao Espigão do Salto e a outra ao Pico da Cruz. Neste local existe um fontenário de pedra lavrada datado de 1962.

A estrada do Carreiro não é mais do que um caminho municipal que foi projectado para ligar a Ribeira Seca à Lagoa do Fogo. Em Outubro de 1961 já estavam rompidos mais de sete quilómetros, a maior parte deles pavimentados. Hoje, volta-se a falar na sua pavimentação até às cumieiras da Lagoa do Fogo, o que discordamos. Com efeito, a partir do Pico da Cruz o caminho deixa de ter qualquer utilidade para a lavoura e será um contributo para a descaracterização da Reserva Natural da Lagoa do Fogo. Aliás, de acordo com o Decreto Regional n.º 10/82/A, de 18 de Junho que cria aquela reserva tal obra será ilegal. No que diz respeito ao desenvolvimento turístico, acreditamos que ele ganhará com a organização de passeios pedestres a partir das unidades hoteleiras ou de agências de viagens sediadas em Vila Franca.

À nossa frente, no local de início do percurso pedreste podemos observar, a par de matas de criptoméria, alguns exemplares da nossa floresta primitiva: azevinhos, louros, folhados, urzes, queirós, tamujos, etc. Neste local, de desagradável apenas o cheiro nauseabundo da lixeira municipal. Esperemos que seja por pouco tempo e que as autarquias de S. Miguel, com a colaboração do Governo Regional dos Açores, encontrem uma solução aceitável para o problema dos resíduos na nossa ilha.

A subida fez-se pelo caminho do Espigão do Salto. O tempo totalmente descoberto tornou possível uma vista à nossa direita, destacando-se, a curta distância, o Pico da Dona Guiomar, metade coberto com vegetação primitiva. Curiosamente é neste pico que conhecemos o único exemplar de sanguinho, planta endémica dos Açores e da Madeira, a qual, provavelmente, estará na origem do nome Sanguinhal. Na cratera do Pico da Dona Guiomar está situada uma pequena lagoa denominada Lagoinha do Areeiro. Ainda à nossa frente e à direita avistamos o Espigão da Ovelha e o Monte Escuro.

Ao chegarmos ao ponto mais alto, no cruzamento com o caminho que vem do Monte Escuro, o panorama é encantador. Daqui podemos ver o Pico da Vara. O Pico Bartolomeu, a depressão do Vale das Furnas, o Pico da Barrosa, as costas Norte e Sul da ilha de S. Miguel, etc. A vegetação é bastante rasteira, resultado de uma recuperação, muito lenta, de extracções maciças de leivas.

Prosseguimos o nosso passeio caminhando para a esquerda em direcção a uma elevação de 881 metros chamada Cumieira. Deste ponto, Vila Franca reduz-se a um aglomerado muito pequeno de casas e o ilhéu aparece com outra fisionomia.
Após a observação do majestoso vale da Ribeira de Água d`Alto, dirigimo-nos para o Pico da Vela, elevação com 863 metros de altitude. Circundamos o pico pela direita e ficamos por cima da Lagoa do Fogo que dali parece-nos outra.

A seguir ao almoço nas cumieiras, depois de darmos a volta completa ao Pico da Vela, regressamos pelo caminho que vai da Cumieira e passa ao lado do Pico da Cruz. Na descida, à nossa frente avistamos todo o concelho de Vila Franca do Campo.

Neste percurso pedestre, com duração aproximada de três horas, podemos observar algumas espécies da nossa avifauna das quais destacamos o pombo torcaz, o milhafre, o tentilhão e a alvéola.

(Publicado no jornal “A Vila”, 15 de Outubro de 1992)

O Carvalho do Sr. Arcádio Teixeira

EM DEFESA DA ÁRVORE- O CARVALHO


O género a que pertence o carvalho (Quercus L.) possui mais de 600 espécies, distribuídas pelas zonas temperadas do hemisfério norte e grandes altitudes das regiões tropicais da América do Sul e da Ásia, muitas delas com grande interesse económico pela sua madeira, entrecasco ou fruto.

O sobreiro (Quercus suber L.) é uma das espécies cultivadas nos Açores. Bastante raro entre nós, conhecemos um velho exemplar, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, muito próximo da nascente da Granja.

A espécie carvalho (Quercus robur L.) é citada por Amaral Franco como sendo cultivada nas ilhas de S. Miguel e Pico. Nunca observamos áreas significativas florestadas com esta espécie.

Na Ribeira Seca de Vila Franca, existiu um exemplar de carvalho negral (Quercus toza Bosc.) que foi cortado em 1971. A. Emiliano Costa refere-se a ele no seu artigo «Árvores notáveis em S. Miguel», publicado no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17, de 1953, do seguinte modo: «É sem exagero um dos melhores tipos desta espécie, pois mede 5,2 metros de perímetro à altura do peito, correspondente a um diâmetro de 1,625 m de dimensões raramente atingidas por árvores desta espécie». Na altura do seu corte, era seu proprietário o Sr. Arcádio Teixeira e foi comprador o Sr. Miguel Raposo de Amaral que teve de empregar o trabalho de 66 homens para o serrar e carregar, sendo necessário para o seu transporte 14 furgonetas e 2 camiões de 8 toneladas. Convém registar que o seu corte foi após a sua morte natural (queda) aos (cerca de) 176 anos de idade.

Hoje, não conhecemos nenhum exemplar que mereça a classificação de interesse público. Será que não existe?

(Publicado no “Correio dos Açores”, a 17 de Fevereiro de 1989)

ERMIDA DE SÃO JOÃO – À ESPERA DE RECONSTRUÇÃO

“Entre quantas existiam em Vila Franca e a incúria dos homens deixou abandonadas, a ermida de S. João parece desafiar o tempo mostrando a quem perto dela passa as suas velhas paredes e parece que pedindo a mãos generosas que a salvem da ruína total”. (in «A Crença» 3/3/85)

A cerca de 2Km de Via Franca do Campo, a nascente da Ribeira Seca e a poucas dezenas de metros da Estrada Regional encontra-se, transformada num montão de pedras cobertas por um silvado, a ermida de São João que tal como a de Santa Catarina, construída dentro da própria Vila, sobreviveu à destruição de Vila Franca pelo terremoto de 1522.

Anterior ao terramoto, «não se sabe quem a edificou, mas conta-se que no tempo dos primeiros povoamentos da ilha se atolara naquele sítio um nobre cavaleiro, que votara erigir um altar a São João, se de lá saísse a são e salvo, como aconteceu» (*). Pertenceu ao vínculo de Jorge da Mota Cavaleiro do hábito de Aviz, pai de Petronilha da Mota, e primeira freira micaelense e abadessa do Convento de Santo André.

Já em 1696 a ermida de São João necessitava de algumas reparações; em 1811 o Bispo D. José d’Azevedo concedeu um prazo de um ano para que fossem realizados alguns melhoramentos em várias ermidas, entre elas a de S. João «findo o qual ano, se assim se não cumprir, se não poderá nelas mais celebrar o Santo Sacrifício nem dar-se culto público».

O último administrador do vínculo de Jorge da Mota, o Morgado Luís Francisco Rebelo Borges de Castro, após a lei de desamortização, ficou sem obrigação de aplicar rendimentos na referida ermida. Esta foi deixada ao abandono e acabou por arruinar-se.

Ligada à história do nosso povo e da antiga capital de S. Miguel a ermida de São João bem merece que se gaste algum dinheiro na sua reconstrução. Em 1982 «A Crença» referia o interesse do actual proprietário do terreno em ceder o que fosse necessário à sua reedificação e que existiam pessoas interessadas em recolher fundos e mover influências para as obras de reconstrução da ermida.

Onde estão essas pessoas? Que fizeram nesse sentido?

Mãos à obra, podem contar com a minha inteira colaboracão!

(*) História das lgrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses,Urbano de Mendonça Dias

( Publicado no Jornal “Correio dos Açores”, de 9 de Julho de 1986)

Nota- Hoje, 20 de Março de 2008, a ermida está reconstruída

REGISTO

Com este blogue pretendo registar um pouco da vida de uma jovem freguesia do concelho de Vila Franca do Campo, a Ribeira Seca.

Aqui, para além de textos colocarei fotografias que retratam a vida das suas gentes,nomeadamente durante o século passado.

Um lugar especial será dado às pessoas do povo que ajudaram a construir a história da localidade.

A minha família merecerá um lugar de destaque tão só devido a ter em meu poder alguma documentação, sobretudo fotografias.~

Teófilo José Soares de Braga