terça-feira, 25 de maio de 2010

Espírito Santo 2010






Apontamentos para uma história das Festas do Espírito Santo na Ribeira Seca
Há cerca de vinte anos, comecei a tirar apontamentos sobre a vida social da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo com o objectivo de tentar escrever uma monografia, sobre aquela localidade, que por afazeres diversos ficou pelo caminho.
Hoje, ao abrir uma gaveta deparei com um conjunto de sebentas com extractos de notícias de várias publicações, com destaque para a revista Phenix e os jornais A Crença, a Vila, o Sul e o Autonómico.
Atendendo a que no próximo dia 24 de Maio é dia do Espírito Santo, decidi dar a conhecer aos leitores do jornal A Vila alguns dados sobre as festividades em honra do Divino Espírito Santo que se realizaram no lugar (hoje freguesia) da Ribeira Seca.
Não temos qualquer informação acerca da data em que terão começado as festas do Espírito Santo na Ribeira Seca tal como parece não existir uma data para o começo das mesmas na ilha de São Miguel. A este propósito, Bernardino José Senna Freitas escreveu, depois de ter levantado a hipótese das mesmas terem começado em Vila Franca do Campo, que apenas poderia indicar uma data para a cidade de Ponta Delgada, apontando o ano de 1665, para a criação da Irmandade, e 1673, para a realização da primeira coroação.
A primeira data que encontramos para a realização de uma coroação na Ribeira Seca foi o ano de 1898, através de uma notícia publicada no jornal “O Sul”, de 4 de Junho daquele ano.
No ano de 1917, o império da Ribeira Seca teve uma receita de “duzentos e tantos mil reis”. Naquele ano, os responsáveis pelo império ofereceram um jantar aos presos que foi levado por pessoas daquela localidade acompanhadas pela Lira Camponesa, banda de música existente naquele local.
António Furtado Vinhateiro era, em 1919, o “despenseiro” do Império do Domingo de Pentecostes.
Em 1922, de acordo com o jornal “O Autonómico”, festejaram-se na Ribeira Seca dois impérios, o da Trindade e o de Pentecostes.
Em 1923, o senhor Manuel do Couto Medeiros, “abastado e bondoso conterrâneo”, segundo “O Autonómico”, ofereceu trezentos mil reis a cada um dos impérios da Ribeira Seca.
O senhor António Furtado Capitão era, em 1927, o depositário do império da Ribeira Seca.
No ano de 1933, era “encarregada” de um dos impérios da Ribeira Seca a senhora Maria Santa.
Em 1939, o senhor José Matias Andrade foi o responsável pelo império da Santíssima Trindade. Naquele ano, as festas foram animadas pela Fanfarra Lealdade.
Em 1961, o jornal A Vila fala na realização de um coroação, na Ribeira Seca, a qual foi acompanhada pela Banda Lealdade que terá tocado também no arraial.
No ano de 1969, o mordomo foi Manuel de Andrade e o responsável pela coroação João José Sardinha.
Em 1972, o mordomo do império da Ribeira Seca foi João José Sardinha.
No ano seguinte, 1973, o mordomo foi Álvaro José Sardinha, irmão do João José Sardinha.
Por último, deixaria aqui uma pequena nota acerca do modo como eram escolhidos os mordomos, pelos menos na década de setenta e oitenta do século passado, altura em que assisti a várias eleições.
Depois da realização da coroação no Domingo e no fim do Arraial que se realizava na Segunda-Feira, depois do Mordomo, ou de alguém por ele, apresentar as contas relativas às festas, procedia-se à escolha do Mordomo para o ano seguinte.
Esta era feita por todos os presentes, em frente ao Teatro, que caso estivessem satisfeitos com o trabalho do mordomo anterior, gritavam “Viva o Velho”. Caso contrário, ou quando o antigo não queria ou não podia continuar gritavam “Viva O Novo”, sugerindo um nome para tal que era levado em ombros até ao cimo do Teatro. Logo de seguida, realizava-se uma procissão em direcção à casa deste onde era levada a coroa e a bandeira.
Ribeira Seca, 18 de Maio de 2010
Teófilo Braga
Publicado no jornal “A Vila”, nº 407, 15 a 31 de Maio de 2010

Este ano o Espirito Santo de Pentecostes limitou-se à coroação. Não houve a chamada "despensa".

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