domingo, 7 de fevereiro de 2016

O que esperar do Governo Socialista?



O que esperar do Governo Socialista?

Não tenho qualquer filiação partidária, há mais de trinta anos, e cada vez tenho menos paciência para acompanhar as tricas partidárias, nomeadamente as dos partidos do chamado arco do poder. Aliado ao desinteresse pela informação, também me desinteressei pela participação nos atos eleitorais que, do meu ponto de vista, não passam de fraudes, pois – para além dos meios diferentes à disposição dos diversos concorrentes – a maioria dos cidadãos, por terem sido deseducados e por estarem ligados a interesses que não são o bem-comum, vota em quem lhes dará mais benesses ou em quem lhes vendeu melhor a imagem.
Apesar da minha indiferença pelos jogos do poder, depois de ter sofrido na pele, tal como os restantes trabalhadores, os cortes salariais, o congelamento da carreira, o agravamento dos impostos, etc., por parte da coligação PSD-PP, ansiava pela queda da dupla Passos-Portas, esperava um crescimento da esquerda parlamentar e pensava que o Partido Socialista ganharia as eleições, ainda que por maioria relativa.
Afinal, o homem que correu com António José Seguro “por ganhar duas eleições por pouco”, não foi capaz de mobilizar os eleitores e perdeu as eleições para quem massacrou o povo durante quatro anos.
Após as eleições, assistiu-se a algo de inédito: os dois partidos com programas e ideologias (ou falta delas) mais próximas, o Partido Social-Democrata e o Partido Socialista, não se entenderam para constituir um novo governo. Tal facto – aliado à abertura dos dois partidos mais à esquerda, o PCP e o Bloco de Esquerda, para apoiarem um governo do Partido Socialista – fez com que, perante os fracos resultados alcançados, António Costa não só não se demitisse do PS como passasse a primeiro-ministro.
As primeiras medidas que estão a ser tomadas pelo governo do Partido Socialista, como as reposições salariais e a redução do horário semanal da Função pública, resultam do cumprimento das suas promessas eleitorais e do respeito pelos acordos celebrados com o BE, o PCP e Os Verdes.
No que diz respeito ao BANIF, o governo deu continuidade ao que vinha sendo feito, isto é, salvou-o à custa dos contribuintes. Como não poderia deixar de ser, para tal contou com a preciosa ajuda dos dois partidos que foram forçados, pelos números, a passar algum tempo na oposição.

Já li várias vezes que, em algumas circunstâncias, se não tem sido em todas, os Partidos Socialistas são os melhores gestores do capitalismo, pois o seu palavreado centrista ou de esquerda engana mais trabalhadores do que os partidos de direita e, em Portugal, não tem sido nem será diferente.

Tal como tem acontecido nos Açores, onde o Partido Socialista governa desde 1996, a nível nacional serão distribuídas algumas migalhas por quem trabalha, veja-se o aumento das pensões, e verbas chorudas pelos grandes interesses económicos e bancos.

Não havendo qualquer alteração do modelo económico, não se pondo em causa o modelo de democracia representativa, onde os representantes cada vez mais se representam a si mesmos, não contestando a subserviência face à Comissão Europeia, pouco, muito pouco, espero de quem nos governa.


Teófilo Braga
Professor, residente na Ilha de São Miguel (Açores)
(O Militante Socialista, nº 119, 5 de fevereiro de 2016)

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